domingo, 20 de abril de 2008

segunda-feira, 7 de abril de 2008

E se nos saísse a sorte grande...

Na minha família, a única pessoa que conhece a sensação de ganhar a sorte grande é a minha mãe.
Tudo aconteceu no dia que ficou conhecido para nós como: "o dia em que a mãe ganhou um jackpot do totoloto".

Na semana em questão havia um jackpot milionário no totoloto e, como sempre, o meu pai tentou a sua sorte. Na altura em que foram sorteados os números, o meu pai apercebeu-se de que tinha deixado um quadrado da grelha por preencher. Logo se formulou na sua cabecinha o dito plano: preencheu o quadrado em questão com a chave vencedora e toca a convencer a nossa mãe de que éramos milionários... E logo entramos todos na brincadeira (excepto o Manel que era ainda muito pequeno para perceber o que se passava), e depressa surgiram desejos, planos, projectos, sonhos... Que terminaram no dia seguinte quando pai soube que a mãe andava a espalhar a história pelos vizinhos e decidiu por tudo em pratos limpos. Que desilusão para ela... e para nós, que há conta da brincadeira, fomos castigados no almoço de domingo!!!

Estes anos todos passados recordamos de tempos a tempos o dia em que a mãe soube o que era ser rica... E no que teríamos sido se tudo fosse mais do que uma brincadeira... Poderíamos nós os três manos ser mais irmãos? Poderiam os meus pais, com todas as suas rabugices, gostar mais um do outro e de nós... e nós deles? Será que teríamos feito este mesmo precurso, com todas as suas dificuldades, mas sempre com uma grande consciência do valor das coisas... e das pessoas? Seriam os almoços de domingo ainda mais caoticamente divertidos? A verdade é que, sem jackpot (ou com ele), estamos todos atados por um nó de marinheiro! A verdade é que, passados todos estes anos, revendo aquilo que somos e o que temos, não acho mais que a mãe foi a única a ganhar a sorte grande...

E aquela pescada cozida, comida a custo naquele almoço de domingo, há mais de vinte anos atrás, ganha um gostinho especial... a riqueza!!!